A tribuna livre da sessão ordinária de segunda-feira (15) contou com a presença de Guilherme Caruso, professor de Geografia e História da Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves. O professor apresentou os motivos e as pautas da greve de docentes e servidores da Etec (iniciada na terça-feira, dia 8), assim como, respondeu a perguntas dos vereadores e alertou sobre o futuro do Centro Paula Souza.
Caruso e outros professores presentes na sessão também pediram o apoio dos vereadores, para alcançar as reivindicações feitas ao governo estadual. Uma delas diz respeito à reposição salarial. Os professores pedem uma reposição maior do que a concedida (6%), argumentando que as perdas inflacionárias foram maiores. Outras demandas são a reformulação do plano de carreira, novas contratações (principalmente do setor técnico), investimentos na infraestrutura das escolas e garantia da manutenção da autarquia Centro Paula Souza.
A tribuna, que teve início logo após o intervalo regimental, pode ser assistida na íntegra neste link.
Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves
Inicialmente, Caruso contou um pouco da história da Etec, que recentemente completou 59 anos. Ao longo desse período, a unidade de Mogi Mirim atendeu cerca de 27 mil alunos. Atualmente, a escola possui 1.650 alunos (de Mogi Mirim e cidades da região) e 132 professores, nos 12 cursos técnicos oferecidos, além do ensino médio.
O professor também destacou o sucesso alcançado nesses anos, o qual pode ser mensurado, segundo Guilherme, em indicadores como o 44º lugar entre as melhores escolas públicas do estado de São Paulo, no público das feiras e exposições, nas formaturas, e no ingresso de cada aluno na universidade e no mercado de trabalho.
“Creio que todos reconhecem o trabalho da Etec ‘Pedro Ferreira Alves’”, enfatizou Caruso, argumentando que os professores decidiram pela greve, para conseguir manter esse nível de ensino. “Estamos em greve devido à carência de professores. Estamos em greve devido à falta de equipamentos. Estamos em greve pois nossos direitos estão sendo tolhidos paulatinamente, (...) da mesma forma que se tolhe o direito dos alunos.”
Rodada de perguntas
Após a apresentação, o professor respondeu a perguntas dos vereadores sobre o posicionamento do governo estadual, a situação atual dos docentes da Etec, de que forma poderiam apoiá-los, entre outras questões. Confira abaixo alguns pontos de suas respostas.
Guilherme Caruso explicou que a reforma do ensino médio, ao possibilitar cursos profissionalizantes em escolas regulares, pode afetar negativamente as escolas técnicas. Para ele, esses cursos demandam uma estrutura adequada e especializada, assim, seria mais apropriado, segundo sua argumentação, investir na manutenção e melhorias nas escolas do Centro Paula Souza, as quais já possuem essa estrutura e um trabalho reconhecido.
Sobre a situação dos docentes, ele disse: “No trabalho do professor, a sala de aula é a ponta do iceberg. A gente tem que corrigir prova, a gente tem que ler, tem que estudar”, disse Caruso, explicando que o valor da hora-aula está em aproximadamente R$ 20 e o salário inicial de um professor da unidade pode chegar a cerca de R$ 4 mil, se o profissional conseguir uma carga horária completa. No entanto, conseguir essa carga horária é bastante difícil, frisou Guilherme Caruso.
Por fim, Caruso e os demais professores solicitaram o apoio dos vereadores por meio de moções e de interlocução com deputados estaduais. Assim como, pediram mais diálogo com o governo estadual.