Rose, moradora da Avenida Santo Antônio.
“Em 25 anos, eu já passei por 18 enchentes”, disse Rose, moradora da Avenida Santo Antônio, no Centro, em Mogi Mirim. “Não é fácil você demorar a vida toda para conquistar alguma coisa e em uma hora perder tudo”, desabafou Carlos Roberto, residente da Rua José Bazan, Aterrado, nas proximidades do Horto Florestal.
Essas e outras queixas – por exemplo, de moradores do Jardim Guarnieri e do Jardim Sbeghen – foram ouvidas na audiência pública, dessa quarta-feira (12/04), que discutiu os problemas ocasionados por enchentes e alagamentos no Município e possíveis soluções para os casos.
A iniciativa teve a autoria do Vereador Luis Roberto Tavares (PL) e contou com a presença dos secretários municipais Luis Henrique Bueno (Planejamento), Ernani Gragnannello (Serviços Municipais), Paulo Roberto Tristão (Obras e Habitação Popular); e de Luiz Roberto Di Martini (Defesa Civil) e Isabela Guardia (gerente do Meio Ambiente). Também estiveram presentes Paulo Tarso de Souza (presidente do SAAE), Renata Furigo (funcionária do SAAE), Hideki Matsuda, integrante da ASEAMM (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mogi Mirim), José Luiz Ferreira (ex-presidente da ACIMM) e Luciano Bonin, da Intervias. Além de moradores que tiveram suas casas afetadas pelas enchentes, entre outras pessoas.
Enchentes e alagamentos: fatores que ocasionam os problemas e possíveis soluções
As queixas mencionadas mostram que esse é um problema que persiste ao longo dos anos, apesar dos esforços das gestões municipais e da sociedade civil. Algumas das principais razões, apresentadas tanto pelos representantes do Poder Público quanto pelos moradores, são: o crescimento urbano, a falta de cuidado com áreas verdes, o descarte irregular de lixo; alterações no clima, e a descontinuidade de políticas públicas entre uma gestão e outra.
O crescimento da cidade (sem o devido planejamento), muitas vezes, faz com que áreas verdes, que anteriormente absorviam a água da chuva, fiquem impermeabilizadas pelo asfalto e por uma insuficiente rede de galerias. Esse problema da impermeabilização também pode ocorrer nas residências, quando em vez de quintais com jardim os moradores escolhem o cimento. Relacionado a esse crescimento, os presentes também mencionaram a falta de cuidado adequado com áreas de proteção permanente e áreas nas margens de rios.
Além disso, o descarte irregular de lixo, inservíveis e entulhos também foi apontado como fator que contribui para ocasionar enchentes e alagamentos. Esses resíduos quando deixados em lugares ou datas inapropriadas podem ser levados pela enxurrada e entupir os bueiros – clique aqui, para ler sobre uma audiência pública sobre o tema. Para evitar esse problema com os bueiros, o Secretário de Serviços Municipais disse que a Prefeitura está mantendo a regularidade das coletas e retomou o serviço de varrição das ruas, mas afirmou ser preciso também mais conscientização da população para que o descarte desses materiais seja feito adequadamente.
Os moradores presentes, ao relatarem os prejuízos sofridos com alagamentos, solicitaram mais atenção do Poder Público para essas áreas mais críticas. Os secretários do Planejamento e de Obras explicaram que, além dos serviços de coleta e varrição, a Administração está investindo em estratégias que visam desacelarar a água das enxurradas, assim como reverter a mencionada impermeabilidade. Uma dessas estratégias são os "jardins de chuva", espaços em algumas vias que absorvam a água da chuva.
Ilustrando essa estratégias, Renata Furibu relatou que num dia bastante chuvoso observou uma diferença significativa entre a Rua Professora Zelândia Ribeiro, que possui uma praça e terrenos vazios, e a Avenida 22 de Outubro. De acordo com Renata, esses pequenos jardins de chuva vão resolvendo pequenos problemas até melhorarem a situação da cidade como um todo. Também nessa linha do aumento gradual da permeabilização do solo, Isabela Guardia explicou sobre o Plano Municipal de Arborização Urbana de Mogi Mirim, um projeto que atende a cidade como um todo. E falou também sobre a atuação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA), convidando a todos para as reuniões mensais do conselho.
Outro ponto levantado durante a discussão envolveu a defesa civil. O comerciante José Luiz Ferreira sugeriu que no início de uma chuva forte (com base nas previsões do tempo) a Defesa Civil desviasse o trânsito de vias vulneráveis, evitando acidentes. Argumentando também nesse sentido de uma ação prévia da Defesa Civil, Rose, moradora da avenida Santo Antônio, relatou que quando os carros passam pela avenida alagada, uma onda se forma e a água invade ainda mais as residências da via.
Por fim, numa das considerações finais, Hideki Matsuda ressaltou que esses problemas precisam ser resolvidos visando o crescimento da cidade, isto é, que sejam encontradas soluções duradouras que sustentem esse crescimento.
Carlos Felício, assessor da Vereadora Luzia Cristina (PDT), por sua vez, aproveitou para lembrar a todos que na quarta-feira (19/04), haverá outra audiência pública, dessa vez sobre o tema: manejo dos resíduos sólidos em Mogi Mirim.